Resenha: Que ninguém nos ouça, Leila Ferreira e Cris Guerra

que ninguém nos ouça

Autor: Leila Ferreira e Cris Guerra                   Editora: Planeta – Páginas: 240 –  Ano: 2016

Classificação 4/5 ⭐️ 🚍

Á venda l Submarino l Americanas

Sinopse:

Doçura, inteligência, graça, suavidade lembra? Também imaginei que estivessem em extinção, mas descobri que seguem vivos nas páginas de “Que ninguém nos ouça”. Não que seja uma literatura para mocinhas inocentes: o assunto muitas vezes é barra. Nem Leila, nem Cris saltaram de um conto de fadas. Porém, mesmo quando confidenciam a parte trash de suas trajetórias, a delicadeza continua mantendo o tom. Amargas? Nem que quisessem. Nem que tentassem. É o único talento que elas não têm.

Duas mulheres incomuns e com experiências singulares: só pelo voyeurismo consentido, já valeria dar uma espiada nessa troca de e-mails entre as duas. Porém, basta abrir a primeira página para perdermos a ilusão de que teremos algum controle sobre a leitura. É a Leila e a Cris que seguram o leitor nas mãos: fisgado e rendido, ele ficará preso até a última linha, quando então retornará à vida acreditando novamente na espécie humana.

” Tenho medo de quem vive em estado de alegria crônica, esses otimistas incuráveis que acham tudo maravilhoso e afirmam a toda hora que tudo na vida tem um lado bom quando sabemos que há milhares de coisas na vida que não tem lado bom coisa nenhuma.”

Esse foi um livro que li sem pressa. É como se eu conversasse com uma amiga, tinha dias que eu lia várias páginas de uma vez, em outros lia uma ou duas…e quando ficava sem ler, sentia falta. Foi incrivel o quanto me identifiquei com as ideias das autoras, os dilemas sobre a maternidade, sobre a carreira, sobre encontrar um ponto de equilíbrio. Foram pouquíssimas vezes que discordei de alguma coisa. E sei que daqui um tempo vou pegar para ler um trecho. A Leila e a Cris são mulheres que eu gostaria de ter no meu circulo de amigos. Elas são maduras, experientes e veem as coisas como são: cruas, sem embelezar e temos que encarar. Confesso que em alguns momentos achei muito depressivo, mas quantas vezes eu me torno essa pessoa também?

E confesso também que chorei e sorri em vários momentos. Acho que tenho uma alma de gente velha, que já viu demais e viveu muita coisa e por isso o livro me deixou sensível, me fez enxergar coisas que não entendia e acabei me identificando com várias passagens e momentos vividos pelas autoras.

” Tenho investigado muito sobre a felicidade e percebo que sua relação com o tempo é estreita. Isso me interessa muito: Depois de perder pessoas cedo demais, adquiri uma espécie de urgência de vida.” 

E olha eu atravessando a história e não explicando sobre ela! Antes de receber o livro eu estava acompanhando ele nas redes sociais e pensei: parece ser um livro estilo Martha Medeiros. E bem, eu acertei! O prefácio é escrito por ela inclusive rs. Esse livro é uma história real, com pessoas reais. Cris já conhecia Leila pelo seu programa de entrevistas na televisão e um dia ela tomou coragem e foi se apresentar e falar do seu primeiro livro. Um tempo depois após Cris ler um livro de Leila, ela enviou um e-mail dizendo o quanto gostou. Começa aí uma história de amizade. Esse livro ” Que ninguém nos ouça” são os e-mails que as duas trocaram e neles elas falam sobre tudo! Filhos ( ou não), casamentos, relações, fluoxetina, sexo, amizade…

” Olho as grávidas que posam pra fotos segurando a barriga e tenho vontade de mudar de planeta de tanto que doí não ter conseguido ser como elas, posar como elas, poder, como elas, descansar a mão sobre o ventre que não destoa, não derrapa, mulher que cumpre direitinho sua sina.”

Se você gosta de Martha Medeiros é bem provável que goste desse livro também. Se você é dessas pessoas que questiona, que quer entender as pessoas e a vida, é bem provável que goste desse livro. Agora se você é o tipo de pessoa com ” alegria crônica” como diz a primeira frase da resenha, então não leia esse livro! Ele não foi feito para você! 

” …você não pode se achar um ET depois de se comparar com os outros. Principalmente quando os outros circulam num planeta chamado facebook. Aquilo é disneylândia de adulto. Parque temático da felicidade. Projac virtual. A gente tem que dar um descontaço para tudo que está ali,”

” Nunca é tarde para aprender a dizer não. Um não para os outros é o sim que pode estar faltando para si mesma.”

Espero que vocês se divirtam e aproveitem a leitura, assim como aconteceu comigo!

Até a próxima!

Beijo, outro, tchau!

assinatura nova ana marys

6 comentários sobre “Resenha: Que ninguém nos ouça, Leila Ferreira e Cris Guerra

    • Ana Buranello disse:

      Quando você vier pra SP posso te emprestar, mas naquele esquema dois V ( vai e volta) hahahah…Você vai gostar do livro, pra mim foi uma surpresa boa!

      Ah eu me proibi de comprar livros esse ano inteiro, preciso de roupas novas hahaha…a sorte é que tem as editoras e os PDF da vida rs…

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    • Ana Buranello disse:

      Ah Dani lê sim! Lê com calma, aproveitando bem o bate papo. Eu fiquei abismada de como me identifiquei com elas hahahah
      E ri demais, tem uma passagem que inclusive ri alto e vou contar haha…

      A Cris fala sobre aprender a rir de si próprio e como ela tem um humor sarcástico e aí vem a passagem de quando ela perdeu o marido estando grávida de sete meses. Durante o cortejo fúnebre ela ficou com uma vontade enorme de fazer xixi (grávida faz muito xixi né rs) e não tinha pra onde ir, dai eu imagino que começou a ” vazar” e ela virou pra irmã e disse ” cada um chora por onde sente mais saudade”. hahahahhaha eu estava no metrô e soltei alto uma gargalhada sabe. É triste, mas foi uma boa tirada.

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